domingo, 3 de maio de 2009

Madame Satã

Madame Satã é o filme brasileiro que melhor retrata o cenário carioca dos anos 30. O personagem principal representa milhões de brasileiros, que ainda hoje sofrem pelo preconceito de ser pobre, negro e homossexual. A atuação de Lázaro Ramos foi excelente, sua versatilidade é incrível, o que faz de seu trabalho primoroso. Ele topou numa boa, cenas homossexuais fortes e não é qualquer ator que faria isso. Está de parabéns... Uma combinação que deu o que falar entre roteiro, fotografia e um elenco é de primeira categoria, uma abordagem Pesada é Claro, mas é assim a realidade das coisas, pórem de uma sensibilidade profunda. Destaque para a capoeira que durante muito tempo foi a arma e a resistência dos negros da periferia. Um filme que marcou uma das fases do cinema nacional.

Sinopse:
Rio de Janeiro, 1932. No bairro da Lapa vive encarcerado na prisão João Francisco (Lázaro Ramos), artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos. Após deixar o cárcere, João passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua "esposa"; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), sem amante e também traidor; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste ambiente que João Francisco irá se transformar no mito Madame Satã, nome retirado do filme Madame Satã (1932), dirigido por Cecil B. deMille, que João Francisco viu e adorou.

João Francisco dos Santos é um pernambucano morador do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Exímio capoeirista tem o sonho de se tornar vedete. Gosta de se fantasiar, passa todo o tempo cantando e dançando. Tem poucos amigos, dentre eles a prostituta Laurita e o travesti Tabu com os quais mora junto. Também tem uma filhinha adotiva, talvez a única pessoa com que não tem problemas ou desavenças. Porém, a pessoa mais importante para ele parece ser Renatinho, com o qual vive um caso ardente no decorrer do filme. Apesar de muito amor e fortes cenas de sexo, a relação é bastante conturbada, recheada de brigas. E brigas é o que não parecem não faltar na vida de João Francisco dos Santos. Impaciente e explosivo, ele não aceita críticas. Ameaça bater e bate mesmo, desde desconhecidos que tiram brincadeiras na rua até seus companheiros de moradia. Toda essa rebeldia talvez tenha sido criada com o passar dos anos, devido à opressão com que foi tratado durante todo esse tempo. Em um de seus acessos de raiva, destrói um estabelecimento onde trabalhava, com a alegação de que estava lutando por seus direitos, já que não recebeu um pagamento que lhe era devido. Apesar de tantas brigas, seus amigos o apóiam. Tabu e Laurita sempre enchem João de esperanças, confiando em que um dia ele conseguirá seguir a vida artística que deseja. Outro personagem forte é Amador. Em conversas tranqüilas e realistas no bar Danúbio Azul, de onde Amador é proprietário, ele faz João acreditar na possibilidade de realizar seu grande sonho, incentiva-o a batalhar por sua carreira.

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